sábado, 10 de novembro de 2007

Fragmentos...


A alma adormece no teu rosto o cansaço dos dias sem nome... Cinzenta no movimento do olhar e do sentir, a alma encerra dentro de si todos os lugares e tempos...
Noite de mil Noites embrulhadas no calor do teu Ser...

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

NO SILÊNCIO DA MADRUGADA...


No silêncio da madrugada, desta madrugada que será a única entre tantas outras madrugadas sem nome, procuro nas sombras os rostos de mil vidas, palavras para dizer-me...

No silêncio mudo da madrugada que insiste em camuflar a dimensão solar das coisas, adormeço a dôr incendiada...

Escuto dentro do silêncio a solidão da impossibilidade, a recta infinita desta suspensão eterna...

Procuro a memória do dia, tentando resistir mais umas horas...

Procuro os meus olhos dentro do meu rosto, como se ainda fosse possível recuperar as imagens que os habitaram...


sábado, 20 de outubro de 2007

Ausência...


No canto mais sombrio ainda resvala a luz ténue dos olhares perdidos... Talvez as palavras deixassem de ser o destino mais cruel dos pensamentos...
Neste lugar vestido de negro perfumado, erguem-se fantasmas de cetim, clamando os nossos nomes...
Lugar de luz e de ontem profanado pela escuridão de um agora em carne viva,
que nos confunde e amedronta...
Esta é a tarde sem rebentos de amanhã...
Estéril nas suas vestes acostumadas e gastas...
Senhora de todos os lugares vazios, silvando nas noites sem sono e sem alma...

Queria Acontecer...


Queria acontecer nas palavras os sentidos,

acontecer nos olhos e nas lágrimas,

Acontecer nos Sonhos e na Vida...

Queria ser capaz de escutar a minha voz

tocar o teu rosto ricochetando no meu...


Queria inventar um lugar, um tempo uma razão,

ser a esperança e reconhecer-lhe um horizonte...

Queria descobrir o caminho para Nós,

ser o amanhecer de todas as tardes...


Queria ser capaz de continuar...

Queria ter a certeza que um dia acontecemos, existimos...

Queria escutar a tua voz e sentir-te em mim...


Queria acreditar que ainda há caminho por percorrer...

Queria abraçar-te num abraço compacto e suave...

Queria acreditar...






sábado, 13 de outubro de 2007

...O Triunfo da Vida...


...Quando espreito nos teus olhos a inocência do teu Ser, sinto as lágrimas tocarem o meu rosto, como gente que espreita, emocionada, cada amanhecer...
Quando percorro as tuas mãos, tudo em ti me lembra o marulhar das ondas... Tudo em ti é Vida!
Existe em ti o fio com que teces cada amanhecer, como se cada madrugada fosse sempre o Milagre mais doce, a palavra nova, o sonho nunca sonhado...
Acordas nos lábios as côres mais belas e reflectes no teu olhar de verde mar, os desejos mais fortes que a força de desejar...
Serás assim em cada manhã, mesmo que a Noite apague o brilho dos meus olhos...

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

A Ausência e o Espelho...


Hoje, olhei-me no espelho e não me vi...

Apareceu alguém que não reconheci,

alguém com lágrimas cerradas,

neblina densa...

A sombra que observei, suplicava...

Era uma Sombra cansada...

Uma Sombra em desespero...

Apenas uma Sombra no seu movimento de extinção...


...A Última Madrugada...


O relógio de parede anuncia com lentidão avassaladora a madrugada,

Indiferente ao facto de ser a última madrugada...

Atravessei o cansaço e subi alguns degraus para avistar uma estrela,

algo ou alguma coisa, que me faça sentir menos só...

Iniciei este caminho há muito dentro da minha mente,

passei por lugares sem nome, olhavam-me rostos sem rosto,

Almas perdidas em busca de ternura...

Sombras alternando Luz...

Almas...

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

...Tempo de Despedida...


Neste tempo fora do tempo,
esgotam-se os instantes em cada lágrima...
Chegou o tempo de partir,
partir dentro da madrugada,
tornar-me um nada absoluto...

Este é o tempo que tanto temi,
a impossibilidade de pensar além do sofrimento...

Não tenho a noção clara de nada,
o meu pensamento apenas pensa em libertar-se...

Chegou o tempo na véspera do tempo sem tempo...

Talvez ainda seja possível um Milagre...

...Ao longe...


Trazes no olhar o universo,
olhas nos meus olhos e convences-me
de que o amanhã é um lugar de luz...
Nos teus lábios a vida dos meus,
nos teus sonhos os meus desejos
ganham forma, materializam-se...
No teu sorriso a palavra que permanece...
Na tua pele o sabor a sal de todos os oceanos...
Ao longe permanece uma memória,
quase penumbra no seu ultimo existir...
Ao longe os meus olhos sangram na procura dos teus...
Ao longe... Todos os Milagres pareciam possíveis...
Ao longe, quando o nosso respirar soava à mais bela melodia,
alcançavas a essência do Ser mais profundo que habitava em mim,
tinhas a Vida entre as Mãos...
Quantas vezes me indicáste o caminho secreto...
Ao longe o meu coração estremece na solidão do teu,
Ao longe, tudo ficou demasiado distante,
ao longe não passa de uma frase gravada na minha lápide...

Lágrimas latejando...


Caminhos de ontem, lugares de memória,
horizontes desaparecendo no horizonte da vida,
Tempestade de silêncios,
Lágrimas esvoaçando em todas as direcções...
Últimos instantes de tudo...
O saborear distante de um último momento,
um olhar de despedida, um som, um gesto, uma expressão...
Momentos únicos arrancados à força das nossas mãos,
presenças ausentes na eternidade que se anuncia,
num anúncio de dôr e mágoa...
Onde estão as côres que nos prometeram,
os sois mágicos...
A vida que se sente não preenche o requisito mínimo do sonho...
Talvez este tempo seja apenas uma prova ou um ritual de passagem...
Talvez as lágrimas sejam a fonte de um rio por navegar...
Talvez, exista um mistério maior por detrás deste suicídio tímido...
Talvez...

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Fica mais Algum Tempo...


Deixa-me olhar-te... Deixa-me entrar dentro do teu Ser...

Deixa-me Ser-te por instantes...

Quero Navegar dentro de ti e Perder-me para Sempre...

Náufrago no Oceano de Ti...


Regressei na Beleza Verde do Teu Olhar,

na Eternidade que reflecte...


Ontem foste capaz de guiar o meu coração

através dos horizontes mais fabulosos...

Hoje quero apenas que continues aqui,

Quero-te na Presença de Ti...


Amar-te além do Amor,

Beijar-te muito além do Beijo...

Tocar-te muito além do Corpo...

Ser Alma e Corpo na unicidade do instante supremo...


Ser a Palavra, o Pensamento e o Som...

Ser o Ontem na Fusão do hoje...

Ser o Infinito que há em Nós!

De Olhar Vazio...


A tarde adensava-se no meu entorpecimento,

Olhava em redor e apenas vislumbrava sombras...

Sombras de metal agigantando-se na minha direcção...

Tentei refugiar-me num Olhar...


O vazio globalizava a minha mente,

numa ansia de inquietação desmedida...

Restos de palavras mergulhadas,

Rostos sem expressão...

Ruídos sem som...


Máscaras de Silêncio...

Ausência...

Mágoa...



segunda-feira, 17 de setembro de 2007

No arrastar dos teus passos de flanela...


Recordo-me do teu rosto rosado de bébé,
da forma como falavas, dos teus gestos ternos...
Fazias parte do meu dia, compunhas os meus pensamentos...
... de repente esqueci-me se te tratava por "Tu" ou "Você"...
Lembro-me da forma como agarravas as tuas canecas...
... amavas as tuas canecas e as histórias que as moldavam...
Falei de ti hoje... Senti aquele aperto da saudade...
Escutei os teus passos de flanela na direcção da porta,
olhei e vi nos teus olhos a cegueira dos teus...
Lembro-me que escolhi ignorar a tua partida,
inventando-te um lugar aqui...
Por momentos acreditei que poderias continuar eternamente velho,
... aquele velhinho com rosto de bébé...

Milagre...


Entrelaçam-se ao som do Coração...
Lembro-me do tempo solar, daqueles instantes feitos de esperança,
recordo-te na paisagem que permaneces...
Amo-te no Sonho que insisto em Sonhar,
Olho-te e aconteces...
...Por Milagre...
Como que por Magia, aprendemos a navegar no tempo,
neste tempo que já foi neste tempo...
Olho-te, pego-te na mão, aninho-me em ti,
sinto o teu calor...
Sinto as tuas lágrimas antes de lacrimejares,
sinto as tuas mãos instantes antes de as tocar...
Escuto as tuas palavras antes de atravessarem os teus lábios...
Sinto em cada instante de Nós...
O Milagre!